No Estado de Mato Grosso, marcado por uma cultura política que guarda tradições como coronelismo, clientelismo, patrimonialismo, voto de cabresto, etc. o retrocesso da estrutura política do país, nos parece que essa cartilha foi estudada e adotada pelo governo de Pedro Taques, e transmitida a seus secretários, no caso da educação, o senhor Permínio Pinto. Em notícias veiculadas pelos “confiáveis” meios de comunicação de Mato Grosso, a Seduc acionou o Ministério Público para acabar com o ensino ideológico. O alvo: o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Acusando o MST de manter um ensino ideológico nas unidades escolares que estão em assentamentos mantidos pelo MST, exigindo que símbolos do movimento sejam retirados da escola e acusando o MST de utilizar um veículo do Estado para atividades próprias do movimento.
Se não bastasse, questionam o nome das unidades escolares e também criminalizam um evento de poesias com a temática “agroecologia”, acusando o movimento de obrigar os estudantes a produzir poemas que denigrem o agronegócio.
Quer dizer que o governo é bom e o MST é mal? O governo pode ser parcial e os movimentos sociais não? Isso não é novidade! Existe um projeto, e esse visa criminalizar qualquer um que se oponha aos interesses do latifúndio e do agronegócio no Estado de Mato Grosso.
O governo de Pedro Taques nunca fez pressão com relação ao superfaturamento dos maquinários, que custou 40 milhões aos cofres do Estado. Esse escândalo envolve um dos maiores latifundiários do Brasil, o senador Blairo Maggi (campeão em desmatamento da floresta amazônica) e um dos que mais contribuíram para a campanha de senador em 2010 do atual governador. O nome de Permínio Pinto também não nos é estranho. Foi Secretário da Educação na gestão de Wilson Santos, que deixou o cargo em 2010 para concorrer a Governador de MT e que logo depois foi indicado por Aécio Neves, desde 2011, o ex-prefeito de Cuiabá ocupou o cargo de Conselheiro da Estatal Elétrica de Minas Gerais, CEMIG. Wilson Santos reapareceu recentemente nos noticiários acusado por improbidade administrativa sob suspeita de ter direcionado licitação da obra do Rodoanel, em Cuiabá, no ano de 2005. Vale lembrar que Wilson já foi do PDT e migrou para o PSDB, Permínio é do PSDB, legenda da qual o governador acaba de se filiar, deixando o PDT, assim como fez o ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos.
Pelo “balaio” descrito, podemos dizer que Mato Grosso não tem uma tradição de gestores confiáveis. E, como podemos perceber, a perseguição aos movimentos sociais cumpre uma função especifica no campo político mato-grossense, fragilizar as lutas sociais no Estado.
Outros colégios detêm simbologia e transmitem com tranquilidade sua “ideologia aos estudantes de Mato Grosso”. Na capital Cuiabá, basta lembrar da Escola Estadual da Polícia Militar “ Tiradentes”, que tem como objetivo Estimular através da crítica positivista (ordem e progresso) os questionamentos analógicos dos conceitos de DEVER, de DIGNIDADE, de RESPEITO, de VERDADE e de JUSTIÇA. Para isso, pauta-se em um regime disciplinar que, segundo documento, “constitui a base da organização escolar que norteia toda a conduta do estudante durante o período escolar, cuja estrutura organizacional fundamentada na hierarquia e disciplina militar, constitui fator importante na grande demanda”. Isso não é ensino ideológico? Além do Tiradentes, temos o Colégio Souza Bandeira, que tem sua direção nas mãos da Igreja Católica, mesmo que na Constituição o Ensino Religioso apareça como facultativo nas escolas públicas de Ensino Fundamental, ou seja, primando por um estado “laico”.
Sobre o nome dos colégios dos assentamentos (Florestan Fernandes e Che Guevara), as acusações são infundadas. Proibir a utilização desses nomes é uma punição seletiva. No Mato Grosso, não faltam homenagens a personagens de tempos sombrios, tais como Colégio Presidente Médici (presidente do regime ditatorial), Bairro Júlio Campos (Filiado à Arena na época da ditadura), Rua Filinto Muller (torturador do governo Vargas), Estádio Eurico Gaspar Dutra (Militar), enfim, não faltariam exemplos.
A perseguição dos movimentos sociais é uma constante na história política deste país. Qualquer um que se oponha ao projeto dos mais ricos e da maximização de seus lucros, será caçado pelo Estado e seu aparato repressor. No caso da educação e da emancipação via seu acesso, lembremos Bakunin “a ciência doravante a representar a consciência coletiva da sociedade, deve realmente tornar-se propriedade do mundo”. Se a Escola é o local para essa apropriação, fica claro o ataque que as elites irão fazer a qualquer projeto que contrarie seus interesses.
Por isso, repudiamos com veemência os ataques à Educação. Repudiamos a perseguição que o Estado faz ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra!
Criar um Povo Forte!
Ontem e hoje, seguir organizando, resistindo e lutando com os “de baixo”!
Arriba todas e todos os que lutaram e todas e todos que seguem lutando!
Pelo Socialismo e pela Liberdade!